Catolicismo

A Igreja Católica, quando fala de sexualidade e do relacionamento afetivo e amoroso do casal, recorre a uma linguagem delicada, às vezes poética ou simbólica, como o faz a Bíblia em passagens, mas é clara nos seus objetivos: há relacionamentos permitidos, outros desaconselháveis e outros proibidos. Os proibidos, segundo a Igreja, não são a resposta apropriada para a dignidade da pessoa, da mente e do corpo ou não contribuem para o crescimento do amor.

E há os que vão ou não vão contra a finalidade do sexo. Por isso, a Igreja permite ou proíbe. Acusam a Igreja de se envolver na vida íntima do casal e dizer a eles que, se pretendem ser um bom casal católico, não podem se amar desta ou daquela forma. Oficialmente, para a Igreja Católica, não importa se ao falar das relações entre o casal a sua posição é popular ou não. Em sua doutrina sobre a sexualidade, nem mesmo para o casal é tudo válido entre quatro paredes.

A Igreja apoia e incentiva todo o progresso científico que contribua para uma melhoria na qualidade de vida biológica dos seres humanos. Ao mesmo tempo, não aceita qualquer experimento que venha a ferir o caráter sagrado da vida criada por Deus. Não é legítimo fazer o mal com o objetivo de alcançar um bem. A ciência não pode ter somente uma dimensão técnica, um interesse pontual, como pode ser o de necessitar de células estaminais e fazer, por isso, o que bem entende. Ela não pode perder de vista que está trabalhando com seres humanos, e isso tem uma dimensão muito grande, porque não é um órgão, mas um organismo.

Segundo a Igreja Católica, se não houvesse fé não existiria a ciência, pois não se teria de onde retirar possibilidade de estudos para montar diversas teorias sendo que, para a fé, só Deus teria a explicação definitiva para esse mistério. Não é de se estranhar que a Igreja Católica sempre teve uma postura objetiva quando se trata de assuntos que envolvam alguns preceitos de caráter moral, como é o caso de questões como a sexualidade e pesquisas cientificas. E não seria diferente com os tratamentos voltados à medicina da reprodução. Isso não quer dizer que o Catolicismo seja contra tudo. Porém, quando se trata de temas que exigem um certo cuidado, é nítido que há um consenso padrão para não criar divergências, ou acabar entrando em contradição com os dogmas da religião que foram estabelecidos desde o início do Cristianismo.

A Igreja sempre viu os filhos e filhas como dom de Deus, por isso mesmo vê com bons olhos as tentativas que são feitas para superar a infertilidade. Ela se alegra com as conquistas na linha de diagnósticos e terapias, no sentido restrito da palavra. O que ela não pode aceitar é a mecanização da vida. Ou seja: sempre se pressupõe que as terapias subsidiem, mas não substituam o casal. Para ela, o procedimento do coito programado está plenamente de acordo com o que a Igreja há muito vem pregando: nada contra um planejamento familiar com métodos que não mecanizem a transmissão da vida. Essa sempre deve ser a expressão concreta de um gesto de amor.

Os procedimentos acima não apenas são aceitáveis, como louváveis, pois correspondem ao justo desejo de acolher uma vida respeitando os processos normais. A Igreja se alegra com os avanços tecnológicos em todos os campos. Entretanto, acredita que nunca a tecnologia nela mesma vai trazer sozinha a solução para os problemas humanos. Não que sejam contra aos laboratórios, muito menos os especialistas que se dedicam a auxiliar os casais.

A questão de fundo é a da mecanização da vida, seja na fase inicial, seja na fase final.

 No caso de um casal querer mesmo ter filhos, e não poder se utilizar das técnicas acima descritas, o caminho indicado é o da adoção, afinal, há tantas crianças esperando por um lar…

A Igreja Católica não apoia nenhuma técnica avançada de Reprodução Assistida!Ela apenas permite aos seus seguidores fazerem uso do Coito Programado!

OS TRATAMENTOS DE FERTILIZAÇÃO DESOBEDECEM OS ITENS 2376 E 2377 DO CATECISMO E A ENCÍCLICA DO PAPA JOÃO PAULO II

• Observação: Avaliação no Catecismo é semelhante à Encíclica INSTRUÇÃO SOBRE O RESPEITO À VIDA HUMANA NASCENTE E A DIGNIDADE DA PROCRIAÇÃO (Papa João Paulo II)

§ 2376 As técnicas que provocam uma dissociação do parentesco, pela intervenção de uma pessoa estranha ao casal (doação de esperma ou de óvulo, empréstimo de útero), são gravemente desonestas. Estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais heterólogas) lesam o direito da criança de nascer de um pai e uma mãe conhecidos dela e ligados entre si pelo casamento. Elas traem “o direito exclusivo de se tornar pai e mãe somente um por meio do outro”.

§ 2377 Praticadas no seio do casal, estas técnicas (inseminação e fecundação artificial homóloga) são talvez menos prejudiciais, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o acto sexual do acto procriador. O acto fundador da existência do filho deixa de ser um acto pelo qual duas pessoas se dão uma à outra, e «remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, instaurando o domínio da técnica sobre a origem e destino da pessoa humana. «Tal relação de domínio é, de si, contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos» (128). «A procriação é moralmente privada da sua perfeição própria, quando não é querida como fruto do acto conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos. […] Só o respeito pelo laço que existe entre os significados do ato conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação conforme a dignidade da pessoa» (129).

CONTRADIÇÕES

Mesmo no Catecismo existem contradições. Os itens 2379 e 2375 (contrários aos itens 2376 e 2377) favorecem a pesquisa científica em prol da cura da infertilidade e afirmam que os recursos médicos devem ser esgotados antes da adoção. No item 2366 está escrito: “A Igreja, que ‘está do lado da vida’, ensina que ‘qualquer ato matrimonial deve permanecer aberto à transmissão da vida’”. Os itens 2373 e 2374 descrevem a importância da família numerosa, considerada uma bênção de Deus, e ainda o sofrimento dos casais que não conseguem ter filhos.

§ 2379 O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de esgotados os recursos médicos legítimos, sofrem de infertilidade, associar-se-ão à cruz do Senhor, fonte de toda a fecundidade espiritual. Podem mostrar a sua generosidade adotando crianças abandonadas ou realizando serviços significativos em favor do próximo. § 2375 As pesquisas que visam diminuir a esterilidade humana devem ser estimuladas, sob a condição de serem postas “a serviço da pessoa humana, de seus direitos inalienáveis, de seu bem verdadeiro e integral, de acordo com o projeto e a vontade de Deus”.

§ 2373 A Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja veem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais.

§ 2366 A FECUNDIDADE DO MATRIMÔNIO. A fecundidade é um dom do Matrimônio, porque o amor conjugal tende naturalmente a ser fecundo. O filho não vem de fora acrescentar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio âmago dessa doação mútua, da qual é fruto e realização. A Igreja, que “está do lado da vida”, ensina que “qualquer ato matrimonial deve permanecer aberto à transmissão da vida”. “Esta doutrina, muitas vezes exposta pelo Magistério, está fundada na conexão inseparável, que Deus quis e que o homem não pode alterar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriador.” (Meu comentário: assim, o amor conjugal entre o homem e a mulher atende à dupla exigência da fidelidade e da fecundidade).

§ 2374 É grande o sofrimento de casais que descobrem que são estéreis. “Que me darás?” Pergunta Abrão a Deus. “Continuo sem filho…”. “Faze-me ter filhos também, ou eu morro”, disse Raquel a seu marido Jacó.

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