Uma história Nàgó, conta que Kori não possuía filhos e era muito, muito triste por conta disso. Ela sentia-se só e muito descontente, pois via tantas mulheres que possuíam muitos filhos, mas que não davam valor a eles. Ela dizia para si mesma: “Tantas mulheres com tantas crianças e que não dão valor e, eu, que cuidaria com tanto amor e carinho, não fui agraciada com uma criança”.
A cada dia que se passava, Kori ficava mais triste e desolada, até que um dia ela resolveu consultar o oráculo sagrado, para saber se aquele sofrimento teria fim. Ifá, o segundo de Olodunmare, recomendou que Kori fizesse uma oferenda com determinados elementos e que colocasse essa oferenda em um grande campo, afastado da cidade. Kori fez tudo como havia sido orientada, entretanto, não foi ao campo “depositar” a oferenda…
Passado algum tempo, Kori resolveu consultar novamente o oráculo, sendo que ainda não havia ficado grávida. O oráculo a advertiu, ponderando que ela não havia seguindo todas as orientações. Kori lembrou-se que não deixou a oferenda no campo e resolveu desta vez, seguir todas as orientações. Kori preparou as oferendas e partiu para o campo. Quando ela chegou ao campo, ela viu uma única árvore, cercada de pássaros. Nessa hora ela pensou: “ali deve ter um ninho, por isso há tantos pássaros em volta. Se eu colocar a oferenda lá, também servirá de alimento para esses pássaros”…
Kori caminhou até a árvore para colocar a oferenda e quando lá chegou, viu que havia uma criança chorando, abandonada. Kori deixou a oferenda e pegou a criança para si, cuidando dela como se fosse sua. Assim, Kori finalmente ganhou a criança que tanto queria e, a partir daquele dia, tornou-se uma grande protetora das crianças.
Em alusão a essa história até os dias de hoje, cantamos:
Kori Koto
Mi Lodo
Orisa Ewe Milodo
Kori-oooo
Eye Koooo
Que Osumare Araka, continue olhando e abençoando todos!
Casa de Osumare.
Ainda sobre a divindade,
Kori é a orixá da juventude e da vida, mas como para viver não basta respirar, seu axé confere um sentido à existência de seus devotos, facilitando o processo pelo qual cumprirão seu bom destino. É protetora das crianças, especialmente das crianças abiku. Todas as pessoas são constituídas de energias positivas e de energias negativas, mas em alguns casos o peso de elementos como dificuldades, teimosia e desgraças é acentuado. Kori é cultuada para romper com estas desgraças, trabalhando ao lado de Egbé e de Ibeji para manter os abikus na terra. Ao lado de Egungun e de Ifá, atua para corrigir o mau destino de um devoto e para neutralizar um fluxo energético passageiro, mas nocivo. Kori atua em questões relacionadas a fertilidade e a sobrevivência.
Seus cultos estão extintos na África, e, no Brasil nem se quer existe um culto a essa divindade, porém, em Cuba, Kori é cultuada como uma ” qualidade ” de Oxum, pelo fato de ser jovem, bela, feiticeira e também ser das águas.
Filha de Iyámi – Oxorongá com Ifá, tida as vezes sendo filha de Iyemonjá e Ifá, é muito faceira, experta e inteligente, tem uma ampla visão perante a vida, porém não à conhece totalmente e acaba por fazer com que as vezes a juventude se perca em alguns fatos. Mas, sua emanada é tão forte e fértil, que é ela quem faz a juventude ser símbolo de vida, saúde e serenidade, mostrando ao mundo que ainda existe tempo para se viver, ser feliz e conquistar o que quer.
Em Cuba, veste dourado com rosa e prateado, não usando abebé (espelho) sendo a única ” Oxum ” que não usa o espelho. Em vez disso, segura um laço e uma espada em formato de cabeça (orí). Suas cores em Cuba são o amarelo alternado com prata, porém em seus antigos cultos na África, eram o azul alternado com prata e rosa, usando o dourado dependendo do preceito ou qualidade de tal orisá. O dia da semana dedicado a Kori é sábado junto com as outras Iyágbás.
Sendo chama também de Korí Koto ou Kotorí.
Kóri é uma divindade muito importante, é a ÒRÌSÀ da juventude e das crianças órfãs e adotadas.
De acordo com o Corpo Literário de Ifá, Kori era uma mulher que vivia na floresta, até que um dia encontrou uma criança abandonada e adotou a mesma. Ensinou a essa criança todos os segredos da vida, fazendo com que a mesma se tornasse um ser muito bem sucedido.
Devido a isto, Kori normalmente é apontada por Ifá (ÒRÌSÀ do destino) como aquela que deve ser cultuada pelas crianças abandonadas que foram adotadas por outra família.
Ajudando assim, a criança, a se desenvolver de forma sadia e possibilitando que a mesma seja um adulto próspero.
Kori tem também muita relação com os jovens e adolescentes.
Sendo essa fase de muita transformação e riscos, Kori pode ser cultuada para que o jovem tenha um ORÍ mais equilibrado e supere essa fase de uma melhor forma.
Por isso Kori é chamada de Òòsà Eléèwe.
Para os Yorùbá a palavra OMO quer dizer filho; OMODE criança; ÀGBÀ adultos e ÈWE são os jovens, que são considerados assim, dos 10 anos de idade até os 20.
Lembrando que esse “ÈWE” não tem nada haver com a palavra “EWÉ“que significam as folhas e nem EWE (grupo étnico de origem Fon).
Para o povo Yorùbá, as crianças não pertencem aos pais ou à família, e sim são um bens da comunidade em geral, pois representam a continuidade geral do grupo.
Para eles existem vários ÒRÌSÀ relacionados às crianças, como Ìbejì que é o protetor dos gêmeos, Egbé que é o grupo de espíritos amigos que temos no ÒRÚN que combate a ira dos Àbíkú e protegem as crianças da comunidade, Logolo e Kori que protege as crianças adotadas e os jovens na fase da transformação.
Kori é cultuada para que as desgraças ocorridas na vida dessas crianças sejam por elas ignoradas, e para que a mesma, no futuro, não venha a ter atitudes negativas motivadas por acontecimentos ruins do passado.
Apenas na iniciação de Ifá que será mostrada ou não, a necessidade de uma pessoa cultuar Kori.
Por isso, é um risco evocar e alimentar uma energia que, muitas vezes,não está relacionada ao nosso destino.
Segue um pequeno trecho de um ORÍKÌ de Kori:
1-Kóri nrodo,
2-Òòsà èwe nrodo
3-Kori o má je k’omo wá ò kú o!
4-Òrìsà èwe, má je kí
5-Orí wá, ò kú o!
6-Olú-òrún o, má pá wa lekun o
7-Òrìsà èwe, má pá wa lekun o! (…)
Tradução:
1-Kori a protetora!
2-Orixá que protege os jovens!
3-Kori que as crianças venham e não morram!
4-Orixá dos jovens, não há outro!
5-Cabeça venha, e não morra!
6-Senhora do céu, não mate nosso leopardo
7-Orixá dos jovens, não mate nosso leopardo! (…)
Essa evocação de Kori deixa claro, o papel dela no panteão, proteger as crianças da morte prematura e apoiar os jovens, fazendo com que eles superem essa fase de tanto desequilíbrio.
Os devotos de Kori, normalmente precisam cuidar muito de Egbé, Ifá e Egúngún.